“Eu não tive um melhor amigo com nanismo”, diz Gabriel Yamin durante encontro no Tauá 

“Eu não tive um melhor amigo com nanismo”, diz Gabriel Yamin durante encontro no Tauá 


Mais de 280 pessoas de 20 estados se reuniram em Goiás no final de semana para celebrar uma década de movimento de famílias de crianças com nanismo 

O movimento Somos Todos Gigantes, que acolhe famílias de crianças com nanismo, completou 10 anos em 2025 e reuniu, no último final de semana (24 a 26) mais de 280 pessoas para um encontro de comemoração no Tauá Resort, em Alexânia, no entorno do Distrito Federal (DF), com apoio da BioMarin. O movimento, que surgiu em Goiás, deu origem ao Instituto Nacional de Nanismo (INN) que hoje engloba outros dois movimentos: Nanismo Brasil, que cuida dos adultos com nanismo e do recém-criado Displasia Diastrófica, que reúne um tipo de nanismo raríssimo. Em todo o Brasil são mais de 5 mil pessoas atendidas pelo INN.    

Mais de 280 pessoas participaram de encontro realizado no Tauá Resort em Alexânia (GO).Foto: Michelly Matos

O movimento surgiu após o nascimento de Gabriel Yamin, que tem acondroplasia – tipo mais comum de nanismo, e é o filho mais velho de Juliana Yamin e Marlos Nogueira. Assim como em 80% dos casos, Gabriel foi o primeiro caso com nanismo na família. Hoje, com 18 anos, ele lidera o movimento que acabou dando origem ao Instituto Nacional de Nanismo. Emocionado, ele falou da própria infância e da gratidão de perceber que hoje crianças com diversos tipos de nanismo conseguem não apenas serem amigas, mas serem família por meio do movimento.  

“Há 7 anos surgiu no nosso encontro uma amizade, do Enrico e do Enzo. Há sete anos, ela ultrapassa os limites entre Manaus e Maceió e eles são melhores amigos. Eu não tive um melhor amigo que tinha nanismo que nem eu. Eu não tive, não um cara pra me falar como é ter nanismo, mas um cara pra brincar comigo. Os meus amigos que brincavam comigo e que jogavam bola comigo, não sabiam o quanto era difícil pra mim. Muitas vezes voltar do futebol com dores e me perguntar: será que eu sempre vou sentir tantas dores? Será que só eu sinto isso. Olhar pros meus amigos brincando de coisas que eu não conseguia. E ver você brincando de tudo, mesmo que dando um jeitinho juntos, é uma coisa que me fortalece”, completou emocionado. 
   
O evento foi organizado com quase um ano de antecedência e para as famílias foram disponibilizadas condições especiais de pagamento. O Instituto também custeou parcial e integralmente, as hospedagens de famílias que não tinham como pagar. No total, foram 55 pessoas que receberam o subsídio.  ”Quando propomos para o Gabriel começar esse movimento, sabíamos que não seria fácil. Gabriel era um menino tímido e sempre foi discreto, mas a gente sentia no nosso coração que a vida dele podia inspirar e nossas experiências podiam agregar para outras famílias. E é maravilhoso saber que ele foi a pessoa que Deus escolheu pra começar tudo isso. Se não fosse o Biel, nós seríamos uma família de cinco pessoas e com ele somos mais de 5 mil pelo Brasil. Que bom que ele veio e que veio pra nós”, afirmou Juliana Yamin.  
    
Rafaela Silva, de 42 anos, é tutora EAD e tem displasia diastrófica, um tipo raro de nanismo. Ela mora em Brasília e participou pela segunda vez de um encontro realizado pelo INN e disse que segue impactada do quanto é importante compartilhar de encontros assim. “Demorou mais de 40 anos pra eu viver algo assim, e é surreal como me sinto bem quando tô com essa família! Não tem olhares tortos, não tem perguntas chatas, não tem constrangimento… é só leveza e acolhimento. Que sorte a minha poder viver isso! Minha mãe foi pela primeira vez e amou! Ela até disse: ‘ainda bem que as mães de agora têm tudo isso que eu não tive quando você nasceu’”, completou.  

Luana Barboza, de 33 anos, é mãe de Tarso Barboza, de 7 anos. O menino tem acondroplasia e participou, junto com a mãe, pela segunda vez de um encontro. Eles são do Amapá e também participaram do Encontro Nacional de 2024, que reuniu 500 pessoas em São Paulo. Neste ano, eles conseguiram as passagens com ajuda do governo do Estado do Amapá. “Conheci o Instituto pelas redes sociais e de novo foi algo maravilhoso, especial e inesquecível. Ver as crianças se abraçando com amor, vivendo esses dias com tanta alegria. O que mais me marcou é que o amor deles não acaba no encontro, mas permanece para sempre. Tia Ju, tio Biel, e toda essa família. Da chegada à saída, com amor, carinho e dedicação para que tudo seja feito com tanta excelência”, finalizou.  

Luanna e o filho Tarso são do Amapá e conseguiram passagem com apoio do governo do Estado. Foto: Michelly Matos


O que é nanismo?    
Nanismo é uma característica comum a mais de 740 displasias esqueléticas. O resultado é uma estatura muito abaixo da média da população da mesma idade e sexo. Cerca de 80% dos casos ocorrem por uma nova mutação genética na família, sendo portanto o primeiro caso na família. Também pode ser herdado de um dos pais. Acondroplasia é o tipo mais comum,    
   
A altura média de homens adultos costuma ser de até 1,45m, e a de mulheres, de até 1,40m. No Brasil, o nanismo é reconhecido como deficiência física desde 2004, por meio de um decreto.    
   
Pessoas com nanismo enfrentam desafios de acessibilidade e adaptação em espaços que não foram projetados para elas. A falta de informação e o preconceito também são barreiras significativas. O Instituto Nacional de Nanismo atua para acolher as famílias, lutar pelos direitos das pessoas com nanismo e mobilizar profissionais de saúde para estudar as displasias esqueléticas.   
   
Somos Todos Gigantes    
O movimento Somos Todos Gigantes nasceu da experiência pessoal da família da empresária Juliana Yamim, após o diagnóstico de nanismo do seu filho, Gabriel Yamim, ainda durante a gravidez. A iniciativa surgiu em Goiânia, em 2015, com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre o nanismo e combater o preconceito. O início do movimento foi marcado por um vídeo gravado pelo próprio Gabriel, na época com 8 anos, que foi o ponto de partida para espalhar a mensagem de que a família, que antes se sentia isolada, se tornava uma grande família.    
   
O movimento começou de forma despretensiosa, com o propósito de informar amigos e familiares sobre o nanismo. Rapidamente, a iniciativa se espalhou e se tornou o maior movimento sobre o tema no Brasil. O sucesso do Somos Todos Gigantes levou à criação do Instituto Nacional de Nanismo (INN), que dá continuidade ao trabalho de informar e apoiar a comunidade de pessoas com nanismo. O movimento transformou uma história de vida em uma causa maior, mudando a percepção sobre o nanismo no país e promovendo a inclusão e o respeito.   
   
Instituto Nacional de Nanismo    
O Instituto Nacional de Nanismo (INN) atua com o objetivo de acolher e auxiliar famílias de pessoas com nanismo, promover a causa do nanismo e mobilizar profissionais de saúde para o estudo das displasias esqueléticas.   Hoje, também possui outros dois movimentos, o Nanismo Brasil (que cuida dos adultos com nanismo) e o Displasia Diastrófica, recém-criado e que envolve um tipo raro de displasia que também tem o nanismo como característica comum.  
   
Os principais focos de atuação do INN incluem:   
   
Acolhimento de famílias: Oferecer suporte e orientação a famílias que recebem o diagnóstico de nanismo, ajudando-as a enfrentar desafios e a se conectar com outras famílias em situações semelhantes.   
   
Advocacy da causa: Defender os direitos e a inclusão de pessoas com nanismo na sociedade, combatendo o preconceito e a discriminação.   
   
Capacitação e mobilização profissional: Estimular o estudo e o conhecimento sobre as displasias esqueléticas (condições que causam o nanismo) entre os profissionais de saúde







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